ENSAIO FOTOGRÁFICO: ECOS DA CONSERVAÇÃO NA RESEX CHAPADA LIMPA, CHAPADINHA, MARANHÃO
A composição do ensaio fotográfico a seguir, surge como desdobramento das observações feitas durante uma série de expedições ao interior da Reserva Extrativista Chapada Limpa, uma unidade de conservação que marca o limite na transição entre o bioma Cerrado propriamente dito na região do Leste Maranhense, tendo surgido como uma resposta a conflitos crescentes na região na dinâmica de avanço da agricultura da soja sobre as áreas naturais.
Dentro
de todo o contexto de interesses coletivos e individuais das pessoas
envolvidas, há também a linha do processo de dinâmica natural das paisagens dos
ecossistemas, e dessa relação se observam as potencialidades e limitações na
utilização dos recursos. Na chapada alta, domina o extrativismo do Bacuri (Platonia
insignis), enquanto nas fugas de nível do relevo, correm tímidas vertentes
de água que mantém uma importante fauna de peixes, anfíbios, aves,
invertebrados em geral e alguns mamíferos. Não tão tímidos na época das chuvas,
o rio Iguará e o riacho da Raiz costumam impor sua força e muitas vezes isolar os
moradores por alguns dias.
O
tempo de vivência marca as relações de uso, e desperta o senso de
pertencimento, mais que o de posse nas comunidades tradicionalmente ligadas aos
recursos, sendo determinante para o alcance da sustentabilidade (DA SILVA; SIMONIAN, 2015). De tal noção, inclusive surgem
também algumas das questões que mais causam debate e de certo modo, inquietação
em muitos setores da sociedade, dada a incompreensão sobre aspectos dessa
relação, principalmente partindo da forma como se enxerga a posição do homem
nessa dinâmica, muitas vezes o elevando a um aspecto “metafísico” e
ocasionalmente negando que da sua ação também façam parte interesses totalmente
particulares (DA SILVA; SIMONIAN, 2015).
Assim,
enquanto as relações de uso e pertencimento se desenham, modificam tanto a
paisagem quanto o componente humano, desde suas formas de mobilidade entre a
cidade e o campo, passando por seu planejamento familiar e econômico (FREIXO et al., 2016), surgem desses nós, iniciativas de
desenvolvimento local de tecnologias pelos extrativistas, bem como florescem
também modos de uso e extração de valor dos recursos que cada vez mais se aliam
ao sentido de sustentabilidade e por isso mesmo, estratégias de diversificação
das fontes de obtenção de recurso (LOCH et al., 2019) para subsistência ou mesmo de renda
direta através do aproveitamento de outras espécies em cadeias socioprodutivas
mais elaboradas podem fortalecer a soberania das populações nessa RESEX.
Referências
DA SILVA, J. B.;
SIMONIAN, L. T. L. População tradicional, Reservas Extrativistas e
racionalidade estatal na Amazônia brasileira. Desenvolvimento e Meio
Ambiente, v. 33, p. 163–175, 2015.
FREIXO, C. et al. Dinâmica
das populações tradicionais nas reservas extrativistas brasileiras. VII
Congreso de la Asociación Latinoamericana de Población. Anais...Foz do
Iguaçu /PR – Brasil: 2016
LOCH, V. DO C. et al. USO E MANEJO DO BACURI (Platonia insignis MART.) POR COMUNIDADES EXTRATIVISTAS NO CERRADO MARANHENSE. In: RODRIGUES, T. DE A.; LEANDRO NETO, J.; GALVÃO, D. O. (Eds.). . Meio Ambiente, Sustentabilidade e Agroecologia 5. 5 ed ed. Ponta Grossa, PR: Atena Editora, 2019. p. 136–150.
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