Divagações

 Eu estava ali, pensando na minha tão simplória existência, frente à grandeza do universo, em seus fractais de organização e beleza... Me vendo tão não-importante... 

O telefone toca, um sujeito desconhecido vai perguntando se eu sou eu mesmo, e dizendo que tudo estaria sendo gravado. 

Era como se subliminarmente me dissesse que a minha confissão de autoconsciência deveria ser eternizada. Pensei: certamente será uma conversa agradabilíssima.

Mas não. Era só o sujeito de um certo banco, me revelando que eu havia sido Pré-selecionado para "estar recebendo" um cartão que "vai estar me dando" descontos nas compras, por conta do meu bom relacionamento com o comércio, e que não teria nenhum custo.

Como a ideia de pré-seleção me é agradável por questões teológicas, fiquei contente com o anúncio, embora incomodado com o caráter transitório e imaterial (essa incerteza temporal que o gerúndio sugere) para condição dos supostos benefícios.

Foi animador saber que os bons relacionamentos ainda são valorizados, ainda mais vindo do Mercado, esse ente desamoroso e cruel. Vejo motivos de esperança para a humanidade aí.

Mas chega de divagações.

Conclusão: Recusei o cartão Santander que eles chamam de Free, que me obrigaria a fazer compras de pelo menos 100 reais por mês para isenção de anuidade proporcional.

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